quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de sua
presença.
Nada exige ou pede. Nada espera, mas do destino vão nega a
sentença.
O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza,
Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona aquilo
que foi grande e deslumbrante, o antigo amor, porém,
nunca fenece e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não.
Ele venceu a dor, e resplandece no canto obscuro,
tão mais velho quanto mais amor.

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